Dimensionamento do Estoque de Segurança

Dimensionamento do Estoque de Segurança
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Sumário

Para que serve o estoque de segurança?
Abordagens para Determinar o Estoque de Segurança
Dimensionamento com base no nível de serviço desejado
Impacto da Variabilidade da Demanda
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Assista também à vídeo-aula abaixo que explica os conceitos deste artigo juntamente com um exemplo no Excel.

Para que serve o estoque de segurança?

Estoques de segurança servem para absorver as flutuações de demanda durante o tempo de espera pela entrega dos pedidos dos fornecedores. Como a demanda varia a cada dia, a demanda durante o período de espera também pode variar para mais ou para menos. Se essa variação foi acima da média, o estoque de segurança será o responsável por evitar que faltam produtos até que a próxima entrega seja realizada.

Vamos considerar o seguinte exemplo: um SKU tem demanda diária de 10 unidades por dia e o fornecedor leva 5 dias para entregar um pedido de ressuprimento. Além disso, a empresa deseja manter 20 unidades como estoque de segurança. A figura abaixo ilustra este exemplo.

ESEG - Figura 1

Como a demanda diária média é de 10 unidades, isso significa que ao longo dos cinco dias de espera pela entrega a demanda média é de 50 unidades. Contudo, devido à variabilidade na demanda, a cada ciclo podemos observar demandas acima ou abaixo de 50 unidades durante a espera pela entrega. Se a demanda for maior que as 50 unidades, temos ainda um estoque de segurança de 20 unidades para comportar essa variação. Se a demanda for menor que 50 unidades, o estoque de segurança não será acionado

Se estivermos usando um sistema de revisão contínua para gestão de estoques, a implementação desse estoque de segurança será feita ao determinar um ponto de reposição igual a 70 unidades:

ESEG - Figura 2

Se o pedido for feito quando tivermos 70 unidades em estoque, teremos 50 unidades para suportar a demanda média durante o período de espera e ainda sobrarão as 20 unidades do estoque de segurança.

Abordagens para Determinar o Estoque de Segurança

Há duas abordagens muito utilizadas para determinar o estoque de segurança. A primeira delas é estabelecer o estoque de segurança como uma quantidade de dias de consumo médio. É comum algumas empresas dizerem que possuem “7 dias de estoque de segurança”. Isso quer dizer que elas mantêm um estoque de segurança que é igual à demanda diária multiplicada por sete.

Em nosso exemplo, ES = 20, ou seja, igual a 2 dias da demanda diária média. Esse valor parece ser razoável, porque o fornecedor leva 5 dias para entregar o pedido e um estoque adicional equivalente a 2 dias é mantido para evitar rupturas. Mas será que esse valor é bom? Será que é muito ou é pouco? Para sabermos se é muito ou pouco, precisamos medir qual é a variabilidade da demanda. Se a demanda for muito variável, é possível que ES = 20 seja muito pouco. Por outro lado, se a demanda for pouco variável, ES = 20 pode ser um exagero.

Para termos mais certeza quanto ao dimensionamento do estoque de segurança, é mais recomendado utilizarmos uma segunda abordagem que é fundamentada na distribuição normal e em intervalos de confiança. Nessa abordagem é possível escolher qual é o nível de serviço desejado e determinar um valor de ES que garanta esse nível de serviço.

Dimensionamento com base no nível de serviço desejado

Nesta abordagem precisamos escolher um nível de serviço, que é uma probabilidade de que não haverá falta de produtos durante o período de reposição. Esse nível de serviço também é chamado de nível de disponibilidade de estoque. Por exemplo, se escolhermos um nível de disponibilidade de 95%, significa que queremos um estoque de segurança que me garanta que em 95% dos ciclos de reposição não haverá ruptura de estoque. A fórmula para determinação de ES é a seguinte:

ESEG - Figura 3

Nessa fórmula, Z-NS é o valor Z da distribuição normal padrão, que varia de acordo com o nível de serviço que desejamos. A tabela abaixo mostra valores comumente usados para Z-NS. Se desejarmos um nível de serviço de 95%, devemos usar Z = 1,645.

ESEG - Figura 4

O parâmetro L na fórmula corresponde ao lead-time de ressuprimento, ou seja, quantos períodos o fornecedor leva para entregar o pedido. O último parâmetro σ (sigma) é o desvio padrão da demanda por período.

Em nosso exemplo, suponha que o desvio padrão da demanda diária seja igual a 4 e o fornecedor leva 5 dias para entregar o pedido. Para termos um nível de disponibilidade de 95%, devemos manter um estoque de segurança de 15 unidades.

ESEG - Figura 5

Para implementarmos esse ES, basta mudarmos o ponto de reposição para PR = 65.

ESEG - Figura 6

Se fizermos pedidos quando o nível de estoque for de 65 unidades, teremos 50 unidades para suportar a demanda média dos 5 dias de espera e ainda sobrarão 15 unidades do estoque de segurança. Tal situação é demonstrada na figura a seguir:

ESEG - Figura 7

Vale ressaltar que manter um ES de 20 unidades seria um exagero se o objetivo é ter um nível de serviço de 95%.

Impacto da Variabilidade da Demanda

Quando a demanda apresenta alta variabilidade, ou seja, ela varia muito a cada período, precisamos manter níveis cada vez mais altos de estoque de segurança para garantir um mesmo nível de serviço. Em outras palavras, se o desvio padrão da demanda aumenta, então o valor de ES terá que ser maior para evitar rupturas de estoque.

Continuando nosso exemplo, suponha que a demanda média permaneça em 50 unidades por dia, mas a variabilidade da demanda aumente para σ = 7. O novo estoque de segurança para garantir 95% de disponibilidade de estoque será de 26 unidades:

ESEG - Figura 8

Utilizar ES = 26 significa aumentar o ponto de reposição para PR = 76 unidades.

ESEG - Figura 9

Uma das consequências do aumento do estoque de segurança é que o nível de estoque médio também subirá, aumentando os custos de manutenção de estoques da empresa.

É por essa razão que a variabilidade da demanda é tão prejudicial às empresas. Quanto mais incerteza houver quando à demanda, maiores serão os níveis de estoque para garantir um nível de serviço aceitável, o que implica em maiores custos com estoques.

Logo, as empresas precisam adotar ações como o compartilhamento de informações entre os elos da cadeia para reduzir a incerteza e os níveis de estoque necessários.

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